Como investir em ouro no Brasil: vale a pena em 2025?

O investimento em ouro sempre foi considerado uma opção segura em tempos de incerteza econômica e volatilidade nos mercados financeiros. Com a economia global passando por constantes transformações, incluindo a pandemia de COVID-19, tensões geopolíticas e mudanças nas políticas monetárias, o ouro voltou ao centro das atenções como um porto seguro. No Brasil, essa percepção é semelhante, especialmente em 2025, ano em que investidores buscam opções para diversificar suas carteiras diante dos desafios econômicos internos e externos. Mas afinal, como investir em ouro no Brasil e será que essa estratégia realmente vale a pena neste ano? Este artigo desbrava esse tema com dados atuais, exemplos práticos e análises de especialistas.

O que motiva o investimento em ouro no Brasil em 2025?

O ouro é tradicionalmente visto como um ativo de proteção, ou seja, uma espécie de “escudo” contra a inflação, a desvalorização cambial e a instabilidade econômica. Em 2025, o cenário econômico brasileiro ainda é marcado por dúvidas quanto à inflação, ao crescimento econômico e à volatilidade do real frente ao dólar. Segundo o Banco Central do Brasil, a inflação acumulada no ano até maio de 2025 está em 4,8%, enquanto a meta oficial para o ano é de 3,5%, sinalizando um cenário de incerteza para os investidores que dependem apenas de renda fixa tradicional.

Além disso, o mercado global de ouro tem se mantido firmemente sustentado pelo aumento da demanda de bancos centrais e investidores institucionais que buscam ativos menos relacionados à política monetária expansionista adotada nas últimas décadas. No Brasil, a compra de ouro físico e fundos atrelados em 2024 cresceu 12%, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA).

Formas de investir em ouro no Brasil

Existem diversas formas para o investidor brasileiro acessar o mercado de ouro em 2025, cada uma com características e riscos distintos, que influenciam diretamente o perfil do investidor.

Ouro físico

A compra de ouro físico, tanto em barras quanto em moedas, é a forma mais tradicional e tangível de investimento. O brasileiro pode adquirir ouro em estabelecimentos autorizados, como casas de câmbio, bancos e empresas especializadas. Uma das vantagens do ouro físico é o controle direto sobre o ativo e a não dependência de intermediários financeiros. Contudo, esse tipo de investimento exige cuidados com armazenamento e segurança, o que pode gerar custos adicionais.

Por exemplo, o preço do ouro físico no Brasil varia conforme o dólar e a cotação internacional do metal. Em meados de 2025, o valor do grama do ouro físico chegou a cerca de R$ 370, refletindo a alta do dólar e a valorização global do metal. Um investidor que adquiriu ouro físico em 2023 a R$ 300 o grama teria uma valorização próxima a 23% em dois anos, mesmo descontando os custos de armazenamento.

Fundos de investimento em ouro (Fundo ETF e fundos fechados)

Para quem busca praticidade, os fundos de investimento em ouro são alternativas interessantes. No Brasil, os fundos negociados em bolsa (ETFs) como o “Gold ETF Brasil (GOLD11)” replicam o preço do ouro sem a necessidade de guardar o ativo físico, oferecendo liquidez diária e facilidade de negociação.

Além disso, existem fundos fechados que investem em empresas ligadas à mineração de ouro ou no próprio metal, ampliando a exposição ao setor com diversificação. De acordo com a B3, o volume médio diário do GOLD11 em 2025 superou os 1,5 milhão de reais, mostrando a crescente popularidade dessa modalidade.

Certificados e contratos futuros

Outra forma moderna de investir em ouro é por meio de certificados e contratos futuros negociados na B3 (Bolsa de Valores brasileira). Esses instrumentos permitem que o investidor se exponha às variações do preço do ouro sem a necessidade de aquisição física. Contudo, exigem maior conhecimento e tolerância ao risco, pois possuem alavancagem e volatilidade maiores.

Como exemplo, um investidor que operou contratos futuros de ouro em 2024 e aproveitou a tendência de alta do metal, conseguindo ganhos superiores a 30% no ano, exemplifica a oportunidade e também o risco dessa modalidade.

Vantagens e desvantagens do investimento em ouro no contexto brasileiro

O ouro tem uma série de pontos positivos e negativos que devem ser avaliados cuidadosamente antes da decisão de investimento.

Vantagens

Uma das principais vantagens do ouro é sua função de diversificação. Nos momentos em que os mercados acionários sofrem queda ou quando a moeda local (real) perde valor frente ao dólar, o ouro tende a se valorizar ou manter seu preço, protegendo o investidor. Em 2022, durante uma forte desvalorização do real, o ouro físico brasileiro subiu 18%, enquanto principais índices acionários registraram perdas.

Outra vantagem é a proteção contra inflação. Historicamente, o ouro tem se mostrado resistente à perda do poder de compra, algo altamente vantajoso em um país como o Brasil, onde períodos de inflação elevada geram incertezas para aplicações tradicionais.

Desvantagens

Por outro lado, o ouro não gera renda, ao contrário de ações ou títulos públicos que pagam dividendos ou juros. Isso significa que o lucro virá apenas da valorização do preço, que nem sempre ocorre de forma linear ou garantida.

Outro ponto negativo é a liquidez do ouro físico no Brasil, que embora esteja aumentando, ainda não é tão rápida e descomplicada quanto a de outros ativos financeiros. Custos de transação, como taxas de compra e venda, podem diminuir a rentabilidade final do investimento.

Comparação: Ouro x Outros investimentos tradicionais em 2025

Para entender se vale a pena investir em ouro em 2025, é importante compará-lo com outras opções populares no mercado brasileiro.

Ativo	Rentabilidade 2022-2025 (média anual)	Risco	Liquidez	Geração de renda	Principal vantagem
Ouro físico	10-15%	Moderado	Média	Não	Proteção contra inflação
Fundos de Ouro (ETF)	12-18%	Moderado-Alto	Alta	Não	Fácil negociação e diversificação
Títulos Públicos (Tesouro IPCA+)	6-9%	Baixo	Alta	Sim (juros)	Rentabilidade ligada à inflação
Ações (Ibovespa)	8-20%	Alto	Alta	Sim (dividendos)	Potencial de valorização alta
CDB / Renda Fixa	5-8%	Baixo	Média	Sim (juros)	Segurança e previsibilidade

Como o quadro evidencia, o ouro apresenta volatilidade e rentabilidade intermediárias, posicionando-se como uma opção recomendada para diversificação e proteção, não necessariamente para ganhos rápidos ou geração de renda constante.

Exemplos reais de investimentos em ouro no Brasil

Um caso interessante é o do investidor paulistano Rodrigo Souza, que em 2023 decidiu alocar 20% de seu portfólio em ouro físico e fundos ETFs, visando proteção contra a inflação crescente e volatilidade cambial. Em abril de 2025, sua carteira registrou um aumento médio de 17% nessa posição, enquanto o restante da carteira se manteve estável em ações e renda fixa.

Outra experiência relevante foi a de uma corretora de valores de Belo Horizonte que, para seus clientes institucionais, implementou um fundo de investimento híbrido com 30% em mineração de ouro e 70% em ações brasileiras. A carteira apresentou resiliência durante os turbulentos meses de março e abril de 2025, mostrando o valor do ouro para amortecer perdas em momentos de stress.

Perspectivas futuras para o ouro no Brasil em 2025 e além

Olhando para frente, as perspectivas para o ouro no Brasil em 2025 permanecem favoráveis, especialmente em um ambiente onde as incertezas globais e locais continuam fortes. A curto prazo, a volatilidade dos mercados e o comportamento das taxas de juros influenciarão diretamente o preço do ouro. A tendência de valorização do dólar também deve sustentar o preço do metal por aqui, já que o ouro é cotado internacionalmente em dólares.

A expansão das modalidades modernas de investimento em ouro, como ETFs e contratos futuros, tende a aumentar o interesse do público brasileiro, impulsionando a liquidez e acessibilidade do ativo. Analistas do mercado, como os da XP Investimentos, destacam que a diversificação oferecida pelo ouro deve ganhar ainda mais relevância com a próxima fase de instabilidade global relacionada a questões geopolíticas e ambientais.

Entretanto, o investimento em ouro deve ser parte de uma estratégia balanceada que considere os riscos e oportunidades oferecidos pela conjuntura econômica do país. Para investidores brasileiros, especialmente os iniciantes, é fundamental buscar educação financeira e, se possível, orientação profissional para aproveitar ao máximo as vantagens do metal amarelo.